terça-feira, 22 de março de 2011

Genie - a menina selvagem


            Genie – a criança selvagem
            O Homem é um ser social. O ser capaz de viver isoladamente ou é um Deus ou é uma besta, mas não um ser humano.” (Aristóteles). Esta é uma afirmação que a psicologia, mais nomeadamente, a psicologia do desenvolvimento tem vindo a estudar e desenvolver nos mais diversos aspectos, tendo explorado os seus fundamentos, conceitos envolventes e, especialmente, os casos verídicos que têm aparecido nos últimos dois séculos, sendo alvo de análises profundas, sendo as “cobaias” de exploração perfeitas, no estudo da importância significativa da componente social e do meio no ser humano e na exploração de etapas, acontecimentos e procedimentos únicos, do desenvolvimento psico – sócio – motor do ser humano, essencialmente, na fase inicial de vida.
                 O caso da Genie foi um dos mais pragmáticos e envoltos de polémica, em certos aspectos. Algumas das questões que intrigou o mundo e a comunidade científica, como “Terão as investigações científicas se sobreposto ao bem – estar de Genie?”, “Terá sido correcta a abordagem ética ao projecto, através dos procedimentos efectuados?”, terão, igualmente, intrigado o grupo, pela dificuldade de análise das questões, visto os diversos pontos de vista e as componentes humano – científicas em questão.
                As opiniões dividem – se, tendo ambas as vertentes (científica e humana), argumentos válidos, dentro do seu âmbito e que promovem controvérsia por isso mesmo, porque a existência de um deles isolado do outro, traria ao projecto, uma grande ineficiência e um sentimento de insatisfação, relativamente a um acontecimento de tal exurberância ( daí também o nome de “experiência proibida”). Analisando o aspecto científico, o aparecimento de um caso destes, foi crucial para o estudo ideal e pormenorizado de um ser humano, isento de experiência social, proporcionando assim à ciência, apresentar alguns aspectos cruciais no desenvolvimento do ser humano e, principalmente, no processo de este se tornar humano, possibilitando também possíveis exercícios potenciadores de desenvolvimento e a datação de etapas cruciais ao mesmo. Num pólo oposto, temos a Genie, uma criança com uma infância deveras complicada e traumatizante, exigindo cuidados redobrados no seu tratamento e uma especial importância e preocupação com o seu normal funcionamento, a partir de tal data. Muitos dos testes, poderão ter potenciado o seu desenvolvimento, mas a certa altura, pode ter passado a uma demasiada sobrecarga, sendo o seu dia – a – dia, um constante teste, alvo de análise.
                Todos aspectos, colocam qualquer pessoa, numa posição complicada para a análise da situação e qualquer tomada de posição por uma das partes, poderá dar a entender, uma desvalorização da outra componente e dos aspectos que esta comporta. O grupo mantém – se assim num ponto de indecisão e abstenção, de qualquer tomada de posição concreta, por considerar ambas as componentes, pontos essenciais a ter em conta e, tal como dissemos, não desconsiderando qualquer aspecto dos mesmos, pela relevância que têm a um certo nível, quer no mundo científico e na descoberta do ser humano psico – social, como no tratamento do ser humano, como um mesmo e não como um animal de laboratório.

"Morrer é dolorosamente amargo, mas a ideia de ter de morrer sem ter vivido é insuportável."(Erich Fromm)

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